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Cr�dito, Londres: Ackermann, 1841

Gravura de Robert H. Schomburgk do interior da Guiana

A nova investida da Venezuela sobre o Essequibo, uma �rea dentro da Guiana repleta de minerais e outros recursos naturais, trouxe � tona que a Am�rica do Sul tamb�m enfrentou grandes disputas territoriais. O Brasil, conhecido mundialmente por uma postura pac�fica nas rela��es internacionais, j� passou por uma disputa fronteiri�a na mesma regi�o.

No lit�gio, que ficou conhecido como �Quest�o do Pirara�, o pa�s entrou em um conflito diplom�tico com o Reino Unido por uma �rea de cerca de 33 mil quil�metros quadrados, localizada entre a fronteira do atual estado de Roraima e a Guiana.

Com �reas ricas para a agropecu�ria e em alguns minerais, o local daria acesso ao Brasil ao mar do Caribe pelos afluentes do rio Amazonas. Do outro lado, tamb�m poderia deixar com que os brit�nicos alcan�assem toda regi�o norte do Brasil, devido � possibilidade de navega��o desde o local.

Em meio a embates diplom�ticos entre os dois pa�ses que se arrastavam por anos, em 1898, o governo brasileiro aceitou a proposta inglesa de submeter a disputa ao julgamento do governo italiano - considerado imparcial � �poca, tendo como �rbitro o rei Vitor Emanuel 3�, �ltimo governante monarquista da It�lia.

O rei acabou por dividir o territ�rio, beneficiando a Guiana com 3/5 do local, o que representa uma �rea equivalente a treze cidades de S�o Paulo - decis�o que causou protestos da diplomacia brasileira liderada por Joaquim Nabuco.

Fim do Mat�rias recomendadas

�A regi�o tanto do lado brasileiro e brit�nico tinha um potencial agropecu�rio muito grande, com grandes fazendas de gado. Mas o Brasil buscava uma rota fluvial pelo interior, saindo do rio Amazonas e chegando no Atl�ntico norte, que � o mar do Caribe. � esse acesso que o pa�s perde na disputa�, afirma Reginaldo Gomes, historiador e professor titular da Universidade Federal de Roraima.

Cr�dito, Edinburgh Geographical Institute/Dom�nio p�blico

Mapa de 1896 da regi�o

Apesar da resolu��o do caso ocorrer apenas no final do s�culo 19, a regi�o � alvo de disputa entre pot�ncias europeias desde o s�culo 17. � �poca, os holandeses ocupavam a �rea da atual Guiana. Mas, ap�s as invas�es de Napole�o pela Europa no s�culo 18, a �rea foi destinada aos ingleses, que ajudaram o pa�s a se livrar da invas�o do imperador franc�s.

Podcast traz �udios com reportagens selecionadas.

Epis�dios

Fim do Podcast

Segundo Carlo Romani, doutor em Hist�ria pela Unicamp e professor da Unirio, e que estuda a hist�ria pela perspectiva das popula��es que ocupam os territ�rios, o local � ocupado pela popula��o ind�gena e foi rota da captura dos povos origin�rios para trabalho for�ado desde a coloniza��o portuguesa.

�Essas popula��es caribes, principalmente os Macuxi, eram, ao contr�rio dos Wapichana, que j� tinham mais contato com os luso- brasileiros, mais arredios ao cerceamento e � civiliza��o for�ada e, por isso, mais voltados aos brit�nicos, pois carreg�vamos essa pecha de escravistas�, afirma.

�Na �poca, havia tropas luso-brasileiras que avan�avam em dire��o ao territ�rio de Pirara e voltavam para o Forte S�o Joaquim para distribuir para trabalhos for�ados pelo Amazonas�, completa.

No contexto da aboli��o da escravid�o da �poca, os brit�nicos reclamam o mesmo direito � liberdade em rela��o �s popula��es ind�genas. A partir da� houve uma defesa da posse do Pirara pelos brit�nicos na opini�o p�blica europeia pois, em tese, o Brasil escravizava os ind�genas do local.

�Isso aparece nos jornais brit�nicos, a partir de 1840, trazidos principalmente por conta do Robert Schomburgk, grande explorador das Guianas, que � quem conseguiu fazer percursos e criar uma demarca��o do local. Ele � quem leva essa hist�ria a Londres e isso � noticiado na Europa. Ent�o, sim, houve uma certa mobiliza��o na �poca e que volta � tona no come�o do s�culo 20 quando a arbitragem vai ser discutida, colocando os brasileiros como escravistas e que supostamente leg�tima a reivindica��o dos brit�nicos�, afirma Romani.

Nesse contexto, em 1841, h� uma expedi��o militar inglesa chefiada por Schomburgk que promete ocupar a regi�o de Pirara, proteger os �ndios e demarcar novos limites na fronteira da Guiana, mesmo sem a anu�ncia do governo brasileiro.

�Quando os brit�nicos chegaram para neutralizar a �rea, o ainda Imp�rio brasileiro recua e parte para o embate diplom�tico�, diz Romani.

Cr�dito, Raphael Alves/EPA-EFE/REX/Shutterstock

Regi�o � entre a Guiana e a atual Roraima

Para tentar resolver o conflito, em 1899, o Bar�o de Rio Branco, ent�o ministro das Rela��es Exteriores, convocou Joaquim Nabuco, uma das figuras mais importantes do movimento abolicionista no Brasil, para liderar a diplomacia brasileira na quest�o.

� �poca, n�o existiam organiza��es multilaterais, como a ONU (Organiza��o das Na��es Unidas), para a resolu��o de conflitos. Por isso, o Brasil, que tamb�m passava pela transforma��o do segundo reinado para a Rep�blica, apoiou a demanda inglesa de uma arbitragem, um julgamento feito por um terceiro imparcial e escolhido pelas partes.

"Esse processo de arbitragem foi muito comum para uma s�rie de quest�es � �poca, inclusive do Brasil. A quest�o do arrendamento da terra para um conglomerado brit�nico que explorava l�tex e o ciclo da borracha no Acre foi feita assim, a disputa pelo Amap� com a Fran�a tamb�m", conta Vanessa Braga Matijascic, professora de Rela��es Internacionais na FAAP.

Da parte brasileira, liderada por Nabuco, a diplomacia afirmara ao �rbitro que a posse da terra era legal pois o pa�s j� controlava o rio Amazonas e seus afluentes superiores, que haveria uma ocupa��o do local desde a �poca de Portugal, al�m de uma aus�ncia inglesa, e que pelo pa�s ser o sucessor da metr�pole, era considerado o protetor natural da �rea.

Os ingleses, porjogo de aposta bet365vez, afirmavam que o territ�rio contestado foi inteiramente adquirido pelos holandeses por via da ocupa��o e, depois, transmitido � Inglaterra, que conservou e desenvolveu tal presen�a. Al�m disso, a posse do local era confirmada pelo consentimento dos �ndios, que se reconheceriam como ingleses.

Segundo o livro A Quest�o do Pirara, de Jos� Theodoro Mascarenhas Menck, ex-consultor legislativo do Congresso, e que conta com pref�cio do ex-presidente Michel Temer, Nabuco se mostrava preocupado com a atua��o do rei Vitor Emanuel 3�, que iria decidir o pleito. "O receio que tenho n�o � falta de imparcialidade, � de exame superficial, amateurich, da quest�o, e de entrarem jurisconsultos pol�ticos, de regras de direito ad hoc", confidenciou ao bar�o de Rio Branco.

O l�der italiano, que buscava fortalecer a It�lia como pot�ncia junto aos pa�ses europeus, ap�s a unifica��o do pa�s, viu no convite uma grande cortesia da Inglaterra para com ele, de acordo com a publica��o.

Assim, o �rbitro declarou que por um lado "n�o se podia admitir como certo que Portugal, inicialmente, e o Brasil em seguida, tivessem realizado uma efetiva tomada de posse de todo o territ�rio contestado" mas que tamb�m "a conquista da soberania por parte da Holanda primeiramente e, mais tarde por parte da Gr�-Bretanha, n�o foi efetuada sen�o em parte do territ�rio que era objeto de lit�gio".

Por isso, Vitor Emanuel 3� optou por tra�ar uma linha intermedi�ria aos dois pedidos, conhecida como Mau-Tacutu, que o Brasil j� havia negado anteriormente, e que delimitava um total de 65% para a Inglaterra e 35% do territ�rio em disputa para o Brasil. Na parte concedida ao Brasil est� atualmente localizada a reserva ind�gena Raposa Serra do Sol.

A decis�o foi recebida de maneira negativa pela diplomacia brasileira, que aceitou, contudo, a perda de parte do territ�rio. "A Inglaterra ganhou mais do que nas negocia��es anteriores pois ampliou a extens�o territorial. Essa senten�a foi recebida sem protesto formal, o que vai em dire��o a tradi��o brasileira da diplomacia em respeitar as decis�es finais, ainda que elas tenham desfavorecido o Brasil", afirma Vanessa Braga Matijascic.

"Joaquim Nabuco fez um minucioso estudo sobre a regi�o com base desde o Tratado de Tordesilhas, mostrando como a regi�o tinha essa base militar no Rio Branco e uma pr�xima do rio Pirara e que muitos ind�genas da regi�o trabalhavam para o ex�rcito brasileiro. Mas, de qualquer forma, o rei Emanuel tomou uma decis�o s�bia, reconhecendo para o lado brit�nico os processos hist�ricos. Na minha vis�o, n�o perdemos, n�s ganhamos, dado que os brit�nicos queriam a regi�o de Roraima inteira", diz Reginaldo Gomes.

Posteriormente, j� na d�cada de 1940, o ex-embaixador dos EUA no Brasil, Lloyde Gricson, publicou um livro que trazia um suposto di�logo que teve com o rei Vit�rio Emanuel 3�.

Na publica��o, ele diz que o italiano afirmara que "n�o gostava dos t�picos e do povo de l�" al�m de que a diplomacia brasileira havia "enviado mapas falsos na arbitragem" e que, por isso, "ele poderia ter dado todo o territ�rio para a Inglaterra, mas que acabou por dividir".

� �poca, o Brasil indagou o governo italiano sobre as supostas falas do rei, que foram negadas pelos representantes do pa�s.

Apesar das semelhan�as das disputas, especialistas ouvidos pela jogo de aposta bet365 News Brasil n�o veem paralelos com o conflito brasileiro e a atual investida da Venezuela sobre uma regi�o da Guiana.

Para Carlo Romani, a �rea do Pirara � uma regi�o de passagem e de dif�cil habita��o, como o Essequibo, mas n�o h� indicativos da presen�a de petr�leo no local perdido pelo Brasil.

"Pirara na �poca de chuva fica inundada e serve como intersec��o de bacias hidrogr�ficas diferentes, como Amazonas, e do lado do Essequibo. Ent�o o interesse particularmente para os brit�nicos, era que o Pirara seria uma �rea de passagem para afluentes que permitiam chegar ao rio Amazonas e, com isso, ao norte do Brasil", disse.

"J� o interesse estrat�gico luso brasileiro era de impedir a passagem, ou pelo menos dificult�-la ao m�ximo", completa.

Apesar da aus�ncia poss�vel de petr�leo, h� registros de minerais preciosos na regi�o.

"No s�culo 19 houve uma descoberta do ouro e dos diamantes e a regi�o, tanto do lado brasileiro ou brit�nico, tinha um potencial agropecu�rio muito grande, com grandes fazendas de gado. � �poca houve reclama��es tanto de Brasil e Venezuela, mas a partir de 1930, foram colocados marcos f�sicos na divisa dessas fronteiras. O tema reacende na Venezuela com Hugo Ch�vez, que quando assume, traz esp�rito patri�tico para o pa�s e tenta retomar a discuss�o de descontentamento do que foi discutido no s�culo 19", finaliza Gomes.

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O primeiro prot�tipo foi constru�do, em 1910, �s margens da costa da Eti�pia e recebeu a designa��o "Dawn".

Em seguida foi modificado para o navio-de-treino de 1912 e incorporado em 1911.

Estas embarca��es foram utilizadas para transporte de tropas de todo o mundo para as col�nias da Nova Zel�ndia e Nova Caled�nia, respectivamente.

Ap�s a Segunda Guerra Mundial ambas as marcas da embarca��o foram retiradas da "Dawn".

O "Marble Diaries" foi usado pela Alemanha como embarca��es do transporte de tropas ap�s a capitula��o alem� da Eti�pia em 1945, e em mar�o de 1946 foi usado pela empresa automobil�stica italiana Giuseda na vers�o esportiva do Fiat 127.